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domingo, 16 de outubro de 2011

Angustia


3° Carta



Meu amigo


Que felicidade ao receber sua carta, não é sempre que podemos receber uma fala tão sabia e sugestiva. Gosto de reconhecer nos discursos humanos as palavras geradoras, pois em meio a tantas outras elas saltam aos olhos e sugerem mais algumas despertam o desejo de refletir, ir adiante.

Quanto me pediu que falasse de angustia logo pensei em mil formas, logo me angustiei com suas perguntas. “Pode ela ser benéfica? Até que ponto?”. Poderia simplesmente lhe responder como vejo por ai varias pessoas com conhecimento dizer que depende do ponto vista. Mais como cada um de nós sabemos ou deveríamos saber quem sãos os nossos familiares, amores, e os amigos que temos; e com certeza jamais poderia deixar você com essa imensa duvida não é mesmo?!

Vejo e percebo que neste mundo o que no move, ou melhor, o que sempre nos moveu foi a angustia, talvez hoje com os laços afetivos em sua total liquidez, vejo que vivemos mais angustiados do que os grandes filósofos que se angustiavam por perguntas sobre a nossa existência ou sobre a visão do homem no mundo. Esse tema meu grande amigo seria muita mais uma grande discussão filosófica que nem caberia em somente um texto de blog e nem em varias cartas de blog. Mais compartilho da idéia da Angustia com uns dos meus filósofos favoritos Sartre que apresenta a idéia existencialista de angústia. O homem, ao perceber que sua escolha envolve não apenas a si mesmo, mas toda humanidade e que a responsabilidade dessa escolha é inteiramente sua, se sentirá angustiado. Só o homem de má fé consegue disfarçar a angústia, dissimulando a sua responsabilidade por si e por toda humanidade. Os próprios atos de dissimular e mentir implica em uma escolha. Ao atribuir a responsabilidade a outrem, estamos escolhendo a mentira não só para a própria existência, como para a de todos os homens. O homem que nega a angústia tem na angústia a sua própria forma de existir, pensamos ai meu cara amigo, como será que se sentem os nossos governantes perante os atos de má fé com o povo? Ainda sobre a angústia, Sartre destaca que o homem, quando responsável e perante qualquer decisão, sente-se angustiado. Mas tal angústia não o impede de agir, pelo contrário, implica na ação. O homem, responsável pela humanidade, sentirá angústia ao escolher, pois esta escolha implica no abandono de todas as outras possibilidades. Porém, a idéia de que a existência precede a essência permite outros desdobramentos. O homem não pode responsabilizar a sua existência à natureza alguma. Não há nada que legitime seu comportamento, não há nada que o determine. O homem faz-se a si próprio, é livre: tem total liberdade para escolher o que se torna, é responsável por sua paixão. Assim, não há nada que justifique seus atos. O homem está desamparado, condenado à sua própria escolha. Termino por aqui meu amigo, dizendo que muita coisa seria diferente se pudéssemos retornar os encantos da vida. As pessoas seriam mais felizes, mais equilibradas mais justas se estivessem mais dispostas á reflexão. Obrigado pela saúde que suas palavras me trouxeram, ficarei por aqui, enquanto faço essa boa digestão emocional.

a resposta se encontra no blog http://beco-existencial.blogspot.com/

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