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terça-feira, 27 de abril de 2010

“A grama do vizinho é sempre mais verde”

Nesta primeira postagem coloquei uma crônica da qual sairá no Jornal Tribuna do Prata neste mês(Maio) espero que gostem..


Antes de iniciar, quero deixar claro que tudo o que escrevo não tem absolutamente nenhuma relação com o curso que faço. Há apenas uma percepção do mundo e das coisas que me cercam. Assim, agradeço pelo espaço que me foi cedido.



Todo mundo, pelo menos uma vez na vida já ouviu este famoso dizer popular de que a “grama do vizinho é sempre mais verde”... E se formos analisar, realmente, o nosso tempo ainda é de observarmos a grama do vizinho. Alguma vez você já parou pra pensar que sempre nos pegamos falando: “Já reparou a casa de fulano?”, “Será que beltrano é?”, “Olha o carro dele... Ele tá trabalhando bastante né? Ele merece...”. Ou senão: “Nossa, como a filha do cicrano tá linda... Olha o namorado que ela arrumou, que coisa mais fofa! Trabalhador... Oh menino, esforçado... Quem dera a minha filha cresça assim também”.


Interessante, como as pessoas adoram futricar a vida alheia... E é impressionante como elas se sentem incomodadas quando o indivíduo ao lado consegue prosperar na vida e alcançar seus objetivos.


Quando isso acontece, as “más-línguas”, já inquietas e de prontidão, saem à rua pra cutucar: “É... Não sei não hein? Acho que tem alguma coisa estranha aí. Como é que esse rapaz comprou esse carro novo? Só pode estar envolvido com drogas.”.


Se formos investigar a fundo a vida do cidadão, logo vamos perceber que somos incrivelmente hipócritas porque na verdade, o cidadão se abraçou a um financiamento, e adquiriu uma enorme dívida para conseguir comprar o carro, só pra ter um meio de transporte, pra passear com a família e com a namorada. E ao invés sair nas baladas, como a maioria dos outros jovens da sua idade, ele fica parado num posto, onde não tem dinheiro pra comprar sequer um refrigerante, pois em casa tem um talão de 48 prestações pra pagar. Mas é isso que vale pra ele! Andar em um carro adquirido com seu próprio esforço, mas ele mal sabe que está sendo julgado por toda a vizinhança. E o bom, é quando ele pensa que não tem que dar satisfação de sua vida à ninguém.


Isso não acontece somente nestas instâncias. Não é visto só pelo lado financeiro. Se o vizinho namorar uma moça de uma beleza esplendida, também já é um bom motivo para recomeçar o “leva-e-traz”. Os caras da rua, no linguajar popular jovem já comentam: “Nossa, vocês viram a mina que o cara tá pegando? Fala sério... Uma dessas não cai na minha casa assim tão fácil...”.


Outro exemplo é a vizinha que deixou pra trás todo conforto da sua casa pra ir morar em alguma cidade histórica, trabalhar fazendo artesanato e tirar disso o seu sustento e ter como garantia a certeza que sua nova vida trouxe a alegria que ela não tinha na sua antiga cidade. E aí o invejoso, que morre de vontade de fazer exatamente o mesmo que ela, diz: “Cara, olha só essa menina... Ela não tem nenhuma noção! Como pôde largar tudo aqui pra viver igual a uma “papa léguas”.”.


Surge então a simples pergunta: O QUE É QUE TODO MUNDO TEM A VER COM A MINHA VIDA? OU COM A SUA VIDA? OU COM A VIDA DO RAPAZ QUE CONSEGUIU COMPRAR UM CARRO? OU COM A VIDA DO GAROTO QUE NAMORA UMA MOÇA BONITA, DE BOA FAMÍLIA? OU COM A VIDA DA MENINA QUE RESOLVEU SER FELIZ, LARGOU TUDO E SE MUDOU PRO NORTE?


A infelicidade é que atinge as pessoas. O fato de elas se sentirem fracassadas faz com que a sociedade se volte contra elas mesmas. A falta do valor que deveria ser dado às pessoas que se ama, à família, à namorada, às conquistas, acaba por corromper o que todos deveriam ter de maior: AUTO-ESTIMA. Não falo de arrogância ou em outros termos, “nariz empinado”. Falo de autoconfiança. A falta de iniciativa e de novos desafios faz com que as pessoas cada vez mais deixem de prestar atenção nelas mesmas e desabem a comentar sobre a vida dos outros.


E sabe o que é pior? É que o mundo contribui cada vez mais com esse tipo de comportamento, onde o que importa é o status, a fama. É a roupa de marca que você usa, ou o carro novo que você tem. O que importa é que você faça e adquira coisas bacanas, mas não para que você se sinta bem. Isso é importante para que os outros possam comentar de você.


Agora, cá entre nós, o que será melhor? Comentarem da sua grama ou da grama do vizinho?






Julio Gomes

1 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.